Eclosão de cistos de Artemias
franciscanas (salinas)
Sem
dúvida alguma, os náuplios de artemias franciscanas (salinas), recém eclodidos
de seus cistos, são a base alimentar das larvas de Betta splendens
em cada 9, entre 10 estufas de criadores brasileiros, sem medo de exagero.
Há
quem ofereça apenas os náuplios de artemias, logo após o saco vitelino das
larvas estarem esgotados. Pulando a fase de oferecimento de infusórios,
paramécios, rotíferos, vermes-do-vinagre e até mesmo daphnias. Mesmo sabendo
que nem todas as larvas irão conseguir se alimentar deles, por serem grandes
para algumas das pequenas bocas. Mesmo os menores náuplios. É óbvio que o
processo seletivo da sobrevivência dos maiores e melhores preparados já se
instala no plantel bem cedo. Os menores não sobreviverão.
Eu
prefiro introduzir os náuplios de artemias franciscanas (salinas), logo no
primeiro dia de vida das larvas, em pequenas quantidades, junto com outros
micro-organismos menores (principalmente vermes-do-vinagre). Na medida que as larvas
vão crescendo, vou diminuindo a oferta de vermes-do-vinagre e aumentando a
quantidade ofertada de náuplios de artemias franciscanas (salinas). Isto não
quer dizer que o manejo descrito mais acima esteja errado, apenas não é o meu.
É importante trazê-lo a luz e você decide qual será o seu caminho.
Abaixo
vou apresentar como faço a eclosão dos cistos de artemias franciscanas
(salinas), de forma artesanal, bem simples e barata...
Você vai precisar de:
1.
"Artemeira";
2.
Bomba aeradora;
3.
Difusor de ar (1 Entrada/2 Saídas),
com controle de vazão;
4.
Mangueira de silicone translúcida (ø
4-6 mm) para interligar a bomba aeradora, o difusor de ar e a
"artemeira" (a medida que baste);
5.
1 colher rasa de café de cistos de
artemia franciscana (salina) (esta quantidade pode e deve variar em função do
volume de peixes a ser alimentado na sua criação);
6.
1 colher de sopa bem cheia de
sal-grosso (de churrasco), sal desmineralizado (p/ bovinos e equinos) ou sal
marinho sintético, para cada litro de água;
7.
1 colher rasa de café de bicarbonato
de sódio/litro d'água (isto deverá ser o suficiente para elevar o pH da água
para 8,0);
8.
2 litros de água descansada (isenta
de cloro)
9.
1 pedaço de meia-de-nylon feminina
(para tampar a "artemeira");
10. pedaço de elástico de costura (para prender a
meia-de-nylon à "artemeira");
11. 1
puçá de nylon 077 fios, para coletas;
12 . Vasilha capaz de absorver o volume de água que
cabe na "artemeira", no momento da coleta.
Como
proceder:
- Posicione a "artemeira" num nível
mais baixo que a bomba aeradora, para evitar curto-circuito, caso haja
retorno de fluxo de ar/água pela mangueira, por exemplo, depois de falta
de energia elétrica;
- Acople a mangueira que sai por baixo da
"artemeira", numa das saídas do difusor de ar;
- Adicione água na "artemeira", até
completar aproximadamente 3/4 de sua capacidade total;
- Adicione sal-grosso e bicarbonato de sódio;
- Ligue a bomba aeradora e regule o fluxo de ar
no difusor, de forma a liberar um bom volume de ar para agitar a água, com
bolhas grandes. Se for preciso abra um pouco a outra saída do difusor,
para reduzir o nível de ruído da bomba aeradora e aliviar a pressão;
- Adicione os cistos de artemias franciscanas
(salinas);
- Cubra a boca da "artemeira" com um
pedaço de meia-de-nylon feminina, com o elástico de costura (para evitar
que insetos caiam na água).
Coleta e Oferta:
- 24/36 horas após, você vai observar milhões de
náuplios nadando na "artemeira", desligue a bomba aeradora (este
tempo de eclosão pode variar a cada lote de cisto comprado);
- Cubra a "artemeira" com um pano
escuro, deixando apenas a sua base, recebendo luz (natural). Os náuplios
vão se concentrar na base, procurando pela luz;
- Desacople a mangueira do difusor, tampando sua
ponta com o dedo;
- Abaixe a mangueira para um nível abaixo da
"artemeira". Tire o dedo da mangueira e despeje a água salobra
com os náuplios de artemias, num puçá de nylon 077 fios. Abaixo do puçá,
posicione uma vasilha capaz de absorver todo o líquido que está na
"artemeira";
- Observe que os náuplios de artemias
franciscanas (salinas) se concentram na parte afunilada do pet invertido
da "artemeira" (formato de "v") e na superfície da
água, estão os cistos que não eclodiram. Deixe escoar boa parte da água...
Quando estiver quase acabando, interrompa tampando a mangueira com o dedo,
para não sugar os cistos que não eclodiram e as cascas daqueles que já
eclodiram;
- Acople a mangueira novamente numa das saídas
do difusor de ar;
- Leve o puçá de nylon 077 fios até uma torneira
e deixe escoar água doce, bem suavemente, para lavar os náuplios, tirando
o sal. Faça isto por 30/40 segundos, aproximadamente;
- Agora chacoalhe o pucá de nylon 077 fios num
pote de água limpa, sem cloro;
- Com uma pipeta ou seringa sugue os náuplios de
artemias franciscanas (salinas) e oferaça às larvas em quantidade suficiente
para que sejam consumidos rapidamente e de forma pulverizada em vários
pontos do aquário de crescimento/engorda.
As
artemias franciscanas (salinas) não sobrevivem muito tempo na água doce
(aproximandamente 3 horas), portanto peque pela falta, mas jamais pelo excesso
de alimentos no aquário das larvas.
Peixes
adultos também podem consumir os náuplios, eles adoram caçar o que comem e é
saudável oferecer alimentos vivos a eles, além da ração industrializada.
Se
sobrar náuplios, você pode congelar, fazendo cubinhos congelados de náuplios,
que podem ser raspados com uma colher e servidos aos peixes.
O
ideal é você ajustar a quantidade de cistos a eclodir, para ter sempre náuplios
fresquinhos para oferecer às larvas.
Sugiro
que mantenha 2 ou mais "artemeiras" eclodindo náuplios, começando o
processo em dias subseqüentes, de forma a ter sempre náuplios de artemias
franciscanas (salinas) todos os dias, uma vez que podem demorar até 36 horas
para eclodir.
Em
determinado momento eu eclodia muitos cistos de artemias franciscanas (salinas)
e optei por usar sal para uso agropecuário (não mineralizado), pois acabava
saindo bem mais barato comprar saco de 25 kilos, do que usar sal-grosso de
churrasco. Funcionou da mesma forma, não observei alteração alguma no volume de
cistos eclodidos. Fica registrada aqui, a minha experimentação. Se o seu volume
justificar, é uma saída interessante.
Se
você não está conseguindo eclodir cistos de artemias franciscanas (salinas),
comece desconfiando dos cistos que podem estar velhos, mofados ou serem de
baixa qualidade.
Procure
adquirí-los de fornecedores idôneos e mantê-los em embalagens bem vedadas, em
local seco, ao abrigo da luz.
OBS: Você pode adquirir cistos de artemia em vários sites da internet e no Mercado Livre.
Marcio Luiz de Araujo
Retirado do site bettabrasil